Biografia de Sri Jagadananda Pandit- Livro Novo

Śrī Prema Vivarta

Divinas transformações de amor espiritual




Śrīla Jagadānanda Pandit



O Autor

Por, Shri Shrimad Bhakti Ballabh Tirtha Goswami Maharaj


   No Shri Chaitanya Bhagavat (2.7.3), Shrila Vrindavan Thakur escreveu: “Todas as glórias a Gouranga, a vida de Jagadananda Pandit e Shri Garbha! Todas as glórias á riqueza de Vakreswar Pandit!”.
   Apesar de que o lugar e data do nascimento de Jagadananda Pandit sejam desconhecidos, do Shri Chaitanya Bhagavat ficamos sabendo que Jagadananda Pandit estava presente em Shrivas Angan e também na casa de Chandrashekar depois que Mahaprabhu retornou de Gaya e então participou do movimento de sankirtan desde o começo.

Jagadananda acompanha o Senhor até Puri

   Dos escritos de Vrindavan Das Thakur, sabemos que Jagadananda Pandit é um associado eterno do Senhor e participou com Ele em Seu sankirtan em Navadwip-lila. Disto podemos pensar que ele nacseu em algum lugar na Bengala. De acordo com o Chaitanya Bhagavat, Jagadananda Pandit estava no grupo de devotos que acompanharam Mahaprabhu de Shantipur até Puri depois que Ele tomou sannyas. Com ele, também estavam- Nityananda Prabhu, Gadadhar Pandit, Mukunda Datta, Govinda e Brahmananda.
   Em seu caminho á Puri, quando eles viajavam através de Atisar, Chatrabhog, Norte de Orissa, Suvarnarekha, Jaleswar, Remuna, Jajpur, Vaitarani, Cuttack, Sakshi Gopal, Bhubaneswar, Kamalpur e Atharo Nala, Mahaprabhu ensinou várias coisas sobre como ser imparcial e não desejar coisas mundanas, e então depender absolutamente do Senhor. Em um lugar chamado Ganga Ghat, justo após cruzar a fronteira de Orissa, o próprio Mahaprabhu disse a seus companheiros para esperá-Lo no templo enquanto Ele iria mendigar no vilarejo. Ele retornou com arroz e vegetais enrolados em sua roupa e os deu para Jagadananda cozinhar. Quando Jagadananda terminou de preparar o alimento, Mahaprabhu e Seus companheiros comeram sua preparação com grande deleite.
   De acordo com o Chaitanya Bhagavat, Mahaprabhu entregou sua danda para Jagadananda carregar enquanto eles andavam. Um dia, Jagadananda entregou a danda a Nityananda Prabhu enquanto ele coletava alguns alimentos. Nityananda não é diferente de Balaram, então ele tomou esta oportunidade para quebrar o bastão de Mahaprabhu em três pedaços, ensinando assim Seus seguidores que eles devem aceitar tridanda, um bastão contendo três bambus que significa a aceitação do Vaishnav tridandi sannyas. Jagadananda então pegou o bastão quebrado e o trouxe para Mahaprabhu, que ficou extremamente infeliz de ter perdido sua única posse. Mahaprabhu disse a Seus companheiros que desejava viajar sozinho, dando-lhes a chance de escolher- andar na frente ou atrás Dele. Então, os devotos responderam que iam andar atrás Dele.
   Ainda caminhando na frente dos outros devotos, Mahaprabhu chegou em Atharo Nala e teve uma visão de Krishna tocando Sua flauta no topo do templo de Jagannath. Ele correu em direção ao templo e ao deslumbrar a forma de Jagannath, desmaiou. Sarvabhauma Battacharya O viu e O levou até sua própria casa onde tomou conta Dele. Nityananda, Jagadananda, Mukunda e Damodar chegaram ao templo não muito depois. Lá, eles escutaram que o Senhor estava na casa de Sarvabhauma e imediatamente foram até lá. Este foi o primeiro encontro entre Jagadananda e Sarvabhauma Battacharya.
  
Um permanente associado do Senhor em Puri

   Na primeira vez que Mahaprabhu desejou ir a Vrindavan, Ele foi de Gauda Mandal até Puri. Ele ficou em Vidyanagar por cinco dias e de lá foi para Kuliya (Koladwip) e passando pelo distrito de Maldah chegou a Ramakeli onde Se encontrou com Rupa e Sanatan. Nesta ocasião Jagadananda estava entre os associados de Mahaprabhu, juntamente com Nityananda, Haridas, Srivas, Gadadhar, Mukunda, Murari e Vakreswar.
   Jagadananda Pandit era um permanente associado do Senhor (Sri Chaitanya) em Puri:

   “Gadadhar Pandit, Vakreswar, Damodar, Shankar, Hari Das, Jagadananda, Bhavananda, Govinda, Kashiswar, Paramananda Puri e Swarup Damodar, todos vieram e estabelecram residência em Puri. Juntamente com Ramananda e outros residentes de Shri Kshetra, eles eram companhias permanentes de Mahaprabhu”

(Chaitanya Charitamrta. 2.1.252-4)

   O sentimento devocional amoroso primário de Jagadananda Pandit era de madhurya-rasa, o qual era muito satisfatório a Mahaprabhu conquistando assim Seu coração. No Chaitanya Charitamrta (2.2.78), isto é descrito assim:

   “Paramananda Puri tinha afeição paternal por Mahaprabhu, Roy Ramananda tinha amor fraterno puro (sakhya, assim como madhurya-rasa), Govinda Das tinha amor como um servente, Gadadhar, Jagadananda e Swarup Damodar O adoravam no êxtase da relação amorosa chefe- madhurya rasa. O coração de Mahaprabhu foi conquistado por estas quatro diferentes atitudes amorosas”.

   Pela misericórdia de Mahaprabhu, Sarvabhauma Battacharya abandonou sua filosofia impessoal mayavada e adotou o caminho da devoção. Ele então teve uma visão de Mahaprabhu em uma forma de seis braços que o inspirou a compor um poema de cem versos em sânscrito glorificando o Senhor. Ele escreveu os primeiros dois versos em uma folha de palmeira e deu isto a Jagadananda para mostrar ao Senhor. Mukunda Datta estava lá quando Jagadananda veio da casa de Sarvabhauma carregando Jagannath prasad e a folha de palmeira. Ele então teve a precaução de copiar os dois versos na parede em frente à residência do Senhor antes que Jagadananda entrasse para mostra-Lo. Assim que viu os versos, Mahaprabhu rasgou a folha de palmeira. Afortunadamente, como resultado da previsão de Mukunda, os devotos se deleitaram ao ler os versos. A seguir, o conteúdo destes dois versos:



vairagya-vidya-nija-bhakti-yoga-
śikṣārtham ekaḥ puruṣaḥ purāṇaḥ
śrī-kṛṣṇa-caitanya-śarīra-dhārī
kṛpāmbudhir yas tam ahaṁ prapadye


kalan naṣṭaṁ bhakti-yogam nijam yaḥ                                                                                                 prāduṣkartuṁ krsna- caitanya -nama                                                                                                        āvirbhūtas tasya padāravinde                                                                                                                     gāḍhaṁ gāḍhaṁ līyatāṁ citta-bhṛṅgaḥ


   “Refugio-me na Suprema Personalidade de Deus, o oceano da misericórdia transcendental- Shri Krishna, que descendeu na forma do Senhor Chaitanya Mahaprabhu para nos ensinar desapego, conhecimento real e Seu próprio serviço devocional”.

   Mahaprabhu tomou sannyas no mês de Magha- (Janeiro-Fevereiro). Ele chegou a Nilachala no mês de Phalgun- (Fevereiro-Março). No mês de Chaitra (Abril-Maio), Ele converteu Sarvabhauma Battacharya ao Vaishnavismo. No mês de Vaishakh (Abril-Maio), Ele começou Sua peregrinação ao sul da Índia.
   Quando Mahaprabhu disse que queria peregrinar sozinho, Nityananda Prabhu tentou convecê-Lo a levar um acompanhante e sugeriu acompanha-Lo. Então, Mahaprabhu mostrou grande afeição aos Seus associados (Nityananda, Damodar Brahmachari e Jagadananda Pandit) ao reclamar e refutar suas companhias. Sobre Jagadananda, Ele disse:

   “Jagadananda quer que eu desfrute da gratificação dos sentidos. Eu tento fazer tudo que ele me pede porque tenho medo dele. Sempre que faço algo contra seus desejos, ele fica irado e para de falar comigo por três dias”.

(Chaitanya Charitamrta 2.7.21-22)



Sanatan vai a Puri

   Em uma ocasião, Sanatan Goswami estava vindo de Vraja, e passou por Jharikhanda para chegar a Puri. No caminho, ele adquiriu bolhas de pus e sangue por todo corpo ao tomar água impura e jejuar em toda sua jornada. Sanatan ficou extremamente perturbado pela doença porque sua impureza física faria dele um obstáculo para os serventes de Jagannath. Pensando sobre esta potencial ofensa, ele decidiu se jogar debaixo das rodas do carro de Jagannath durante o Ratha Yatra. Sriman Mahaprabhu, o monitor interno de todas as entidades vivas, sabia da decisão de Sanatan e então lhe disse: “Você não pode obter Krishna por cometer suicídio. Você apenas pode obtê-Lo através de bhajan. Você não tem o direito de destruir o corpo que lhe foi dado para que possa render serviço”.
   Estas instruções tiveram efeito na mente de Sanatan e ele mudou sua mentalidade. O Senhor não considera a pureza ou impureza do corpo externo do devoto. Ele é atraído pela pureza interna do desejo de alguém pelo serviço devocional. Então, Mahaprabhu não hesitava em abraçar Sanatan vez e outra. Quando ele o abraçava, o pus que saia das bolhas de Sanatan tocava o corpo do Senhor e isto deixava Sanatan desconfortável e envergonhado. Sanatan então procurou Jagadananda para pedir conselho e Jagadananda disse a ele para ir à Vrindavan imediatamente após o Ratha Yatra. Sanatan pensou que esta era a melhor solução e pediu permissão a Mahaprabhu. Ao escutar isto, Mahaprabhu ficou irado e reprimiu Jagadananda dizendo a Sanatan:

   “Jagadananda é apenas um novato, um menino. Ainda sim, ele ficou tão orgulhoso que agora pensa que pode instruir você. Você é Guru dele em todos os aspectos, materiais e espirituais. Mesmo assim ele vem lhe dar conselhos? Será que ele sabe sobre si mesmo? Você é meu professor e uma autoridade até mesmo para Mim, ainda sim ele, como uma criança imprudente, está dando instruções para alguém tão qualificado como você”.

(Chaitanya Charitamrta 3.4.158-60)

   Os devotos assim como o Senhor ocasionalmente reprimem seus associados íntimos. Se um devoto é disciplinado pelo Senhor, ele deve considerar isto como sendo sua grande fortuna. Sanatan viu as críticas de Mahaprabhu á Jagadananda como um sinal da sua (de Jagadananda) grande fortuna e ao mesmo tempo viu a si mesmo como sendo desafortunado. Ele disse:

   “Você aceitou Jagadananda como membro do seu círculo íntimo de associados, enquanto me trata com veneração. Parece-me que você esta lhe dando néctar para beber e um amargo suco de neem com folhas de tabaco para mim”.

(Chaitanya Charitamrta 3.4.163)

   Mesmo que Mahaprabhu tenha sido vencido desde muito tempo pela devoção de Jagadananda por Ele, Ele aproveitou esta ocasião para, através de Jagadananda, ensinar o comportamento Vaishnava apropriado e a importância de oferecer o devido respeito aos Vaishnavas seniors como Sanatan Goswami. Ele disse:

   “Jagadananda não é mais querido a mim do que você, mas eu não posso tolerar trangressões de comportamento”.

(Chaitanya Charitamrta 3.4.166)

   Depois, quando Mahaprabhu falou sobre as glórias dos devotos a Vallabh Bhatta, Ele disse que qualquer pessoa poderia obter devoção a Krishna através da associação de pregadores do Santo Nome como Jagadananda Pandit.

Jagadananda como Satyabhama

   Jagadananda é também a encarnação de Satyabhama. Então, devido a sua natureza refratória, ele frequentemente brigava com Mahaprabhu.

   “Jagadananda Pandit tinha um profundo amor puro pelo Senhor, como o de Satyabhama por Krishna. Ele era temperamental e possuia uma natureza vama. Ele repetidamente provocava discussões amorosas com o Senhor e sempre parecia haver algum tipo de desentendimento entre eles”.

(Chaitanya Charitamrta 3.7.142-3)

   Durante o Chaturmasya-vrat, todos os devotos vinham encontrar o Senhor em Nilachala apenas retornavam no final do período dos quatro meses. No mesmo ano que Mahaprabhu disse a Nityananda para não vir a Puri, Ele também enviou Jagadananda a Nabadwip com uma mensagem para Sua mãe. Jagadananda relatou tudo que Mahaprabhu disse a ele sobre o exato momento que Sachi Mata pensou que estivesse sonhando ou tido uma alucinação onde Mahaprabhu vinha e comia suas oferendas. Quando ela escutou isto de Jagadananda, Sachi concluiu que estas visitas secretas não eram simplesmente alucinações, mas de fato, reais. O Senhor realmente veio a Nabadwip. Quando os outros devotos de Navadwip se encontraram com Seu íntimo associado- Jagadananda, todos eles ficaram imersos em um oceano de felicidade.
   De Navadwip, Jagadananda foi até a casa de Shivananda Sena, onde coletou uma perfurmada pasta de óleo de sândalo para massagear a cabeça de Mahaprabhu. Ele encheu um pote de barro com este óleo, trouxe isto com ele quando voltou a Puri e então entregou a Govinda- o servente pessoal do Senhor. Govinda disse a Mahaprabhu: “Jagadananda Pandit trouxe este óleo aromático de Gauda-desh. Se você passar isto em sua cabeça, isto irá aliviar os sintomas do muco e do ar em seu corpo”.
   Com o objetivo de estabelecer a conduta apropriada para aqueles que estão na ordem renunciada, Mahaprabhu respondeu: “Sanyassis são proibidos de usar óleos no corpo. Usar óleos aromáticos é ainda mais repreensível para eles. Desde que Jagadananda teve o trabalho de trazer este óleo por todo seu caminho até aqui, você pode dar isto ao templo de Jagannath. Lá eles poderão usa-lo para ascender às lamparinas para as deidades. Isto fará com que todo seu trabalho tenha valido a pena”.
   Govinda disse a jagadananda da decisão de Mahaprabhu. Jagadananda ficou enfurecido e parou de falar com o Senhor. Após dez dias, Govinda disse a Mahaprabhu que Jagadananda ainda deseja que Ele usasse o óleo. Mahaprabhu ficou irado e para ensinar o mundo todo, disse: “Porque você não contrata um massagista para me fazer massagem? São estes os prazeres pelos quais tomei a ordem renunciada da vida? Certamente você irá se divirtir ao ver minha queda. Quando andar pelas ruas, as pessoas pegarão um pouco do meu perfume e dirão: ’Lá vai o monge mulherengo’”.

(Chaitanya Charitamrta 3.12.112-4)

  
   Govinda estava perplexo com a ‘tirada’ de Mahaprabhu. Quando Jagadananda Pandit veio visitar Mahaprabhu na manhã seguinte, o Senhor disse: “Um sanyassi não deve usar óleos perfumosos. A melhor coisa a se fazer é oferecer isto ao Senhor para ser usado em Seu serviço”. Jagadananda ficou irado e arrogantemente replicou: “Quem lhe disse que eu trouxe este óleo comigo por toda viagem vindo de Gaudadesh? É uma mentira”. Com isto ele quebrou seu jarro de barro arremessando-o no chão da varanda. Depois disso ele foi até seu quarto, trancou a porta e deitou-se.
   Após jejuar por três dias, finalmente Mahaprabhu foi apazigua-lo e batendo em sua porta, gentilmente disse: “Jagadananda! Abre esta porta. Estou indo agora tomar meu banho e depois vou até o templo ver Jagannath. Quando voltar, tomarei qualquer comida que você prepare para Mim. Então, comece a cozinhar”.
   Devido ao seu amor pelo Senhor, Jagadananda se levantou imediatamente, tomou banhou e começou a preparar o almoço do Senhor. Após executar Seus rituais do meio dia, o Senhor retornou, deixou Jagadananda lavar Seus pés e então se sentou para comer. Jagadananda serviu (em uma folha de bananeira) um ótimo arroz molhado em manteiga clarificada, várias preparações de legumes, arroz doce e diferentes tipos de bolos. Mahaprabhu disse a ele para colocar outra folha de bananeira e enche-la de comida para que os dois comessem lado a lado. O Senhor levantou Suas mãos ao ar e se recusou a comer até que Jagadananda se sentasse para comer com Ele. Finalmente, o orgulho de Jagadananda se quebrou e finalmente concordou em tomar a prasada do Senhor assim que Ele terminasse. Enquanto comia, Mahaprabhu glorificou repetidamente a comida que havia sido cozinhada por Jagadananda em sua ira amorosa.

   “Este é o tipo de néctar que você oferece a Krishna. Quem pode estimar a dimensão da sua boa fortuna?”      (Chaitanya Charitamrta 3.12.133)

   Jagadananda continuou servindo mais e mais legumes ao Senhor, que por medo comeu tudo que Lhe era dado. O Senhor estava temoroso de que se Ele refutasse até mesmo uma só preparação, Jagadananda iria novamente começar a jejuar. Após a refeição, Jagadananda deu a Ele alguns temperos aromáticos, pasta de sândalo e uma guirlanda. Mahaprabhu então insistiu para que ele se sentasse e tomasse sua refeição em Sua frente. Jagadananda suplicou para que Mahaprabhu descansasse, pois sabia muito bem de Seus costumes. Jagadananda também pediu para Ramai e Raghunath Bhatta se se sentarem para tomar prasada porque eles também ajudaram nas preparações dos alimentos. Ainda sim, Mahaprabhu não estava convencido e disse a Govinda para permanecer ali e depois avisa-lo logo que Jagadananda terminasse. Porém, Jagadananda imediatamente disse a Govinda para ir e massagear os pés do Senhor. Após servir prasada a Ramai, Nandai, Govinda e Raghunath Bhatta, Jagadananda tomou os remanentes do prato de Mahaprabhu. Quando Mahaprabhu ouviu que Jagadananda comeu, finalmente conseguiu descansar em paz.

   “O amor de Jagadananda pelo Senhor era justo como as descrições (no Srimad Bhagavat) do amor de Satyabhama por Krishna. Quem pode descrever o tamanho da fortuna de Jagadananda? Seu amor é o padrão pelo qual o amor de outros podem ser comparados. Qualquer pessoa que escuta sobre a relação amorosa (prema-vivarta) entre Jagadananda Pandit e Shri Chaitanya Mahaprabhu compreenderá as características de prema e obterá a riquesa do amor puro”.    (Chaitanya Charitamrta 3.12.152-4)

   Shrila Bhaktissidhanta Saraswati Goswami Thakur escreveu que as palavras prema vivarta neste verso pode significar ‘o tipo de confusas transformações de amor’ que Jagadananda mantinha pelo Senhor como também ‘o livro que Jagadananda escreveu’.


O Senhor dorme na fibra de bananeira

   Devido ao seu intenso sentimento de separação por Krishna, Mahaprabhu começou a aumentar Suas austeridades. Ele decidiu começar a dormir em uma cama de casca seca (fibra) da (árvore) bananeira, que causava dor ao pressionar Seus ossos enquanto dormia. Os devotos estavam muito tristes ao ver o sofrimento do Senhor. Jagadananda decidiu tomar uma atitude para aliviar a dor do Senhor e com suas próprias mãos fez uma esteira de algodão e um travesseiro cobrindo-os com um pano açafroado para o conforto do Senhor. Jagadananda pediu para Govinda entregar a esteira e o travesseiro ao Senhor enquanto Swarup Damodar o convenceria a usa-los. Quando chegou o momento do Senhor ir descansar e Ele viu o travesseiro de algodão, ficou irado. Porém, quando Ele escutou que foi Jagadananda Pandit que O havia dado, Ele hesitou. O Senhor agiu como se estivesse irado, “Um colchão e um travesseiro? Porque você não pega logo uma cama para Mim? Um sanyassi deve dormir no chão! Jagadananda quer que eu me torne um desfrutador dos sentidos. Isto é vergonhoso”.
   Jagadananda ficou triste quando ouviu de Swarup Damodar que Mahaprabhu havia rejeitado seu colchão. Depois, Swarup Damodar espertamente preparou uma esteira feita de folhas secas de bananeira e o Senhor a aceitou. Isto deixou todos os devotos satisfeitos, com excessão de Jagadananda.
   Mesmo que não tenha dito nada sobre o assunto, Jagadananda estava irado e perguntou a Mahaprabhu se ele podia ir a Vrindavan. O Senhor compreendeu a verdadeira razão da sua insatisfação e disse a ele em tom consolador: “Você está irado e me culpa por isto. E então você deseja ir a Mathura e se tornar mendigo?”. O petulante Jagadananda escondeu seus verdadeiros sentimentos e simplesmente disse: “Eu queria ir a Vrindavan desde muito tempo. Anteriormente você não me deu permissão, então não pude ir”.
   Devido a Sua afeição por Jagadananda, Mahaprabhu não o permitiria ir, nem mesmo quando ele requisitou repetidamente. Finalmente, Jagadananda pediu a Swarup Damodar para interceder por ele e conseguir a permissão do Senhor para ir. Swarup Damodar foi até Mahaprabhu e disse: “O desejo de Jagadananda de ir a Vrindavan é muito forte. Acho que seria uma boa Idea se você o enviasse justo como anteriormente o enviou a Nabadwip com uma maensagem para Sachi Mata”. Finalmente Mahaprabhu deu permissão a Jagadananda para ir para Vrindavan. Devido a sua afeição por ele, o Senhor lhe deu instruções elaboradas sobre a viagem: “Na estrada até Benares não há nenhum problema. Porém, depois de Benares a estrada é cheia de ladrões, tome cuidado. Você deve levar alguns soldados com você para sua proteção. Se alguém ver um homen bengali sozinho na estrada, eles certamente atacam. Quando chegar em Mathura, primeiramente vá e se encontre com Sanatan. Ofereça seus respeitos aos Chobey brahmanas de Mathura, mas não associe com eles. Você não conseguirá compreender o comportamento deles, então os respeite a distãncia. Faça o parikram (peregrinação) de Vraj-mandal com Sanatan e não deixe de ficar do lado dele nem mesmo por um instante. Não suba em Govardhan para ver Gopal. Não fique em Vraj por muito tempo. Volte logo”.     (Chaitanya Charitamrta 3.13.39)



Jagadananda reprime Sanatan

   Jagadananda ofereceu suas reverências ao Senhor e partiu para Benares a pé, onde se encontrou com Tapan Mishra e Chandrashekhar. De lá ele foi a Mathura onde se encontrou com Sanatan Goswami. Sanatan o levou á circuambulação pelas doze florestas de Vraj e depois permaneceram juntos em Gokul Mahavan por algum tempo. Sanatan Goswami costumava viver mendigando por um pedaço de pão das pessoas locais, mas porque Jagadananda não era habituado a viver apenas de trigo, ele foi até um templo local para cozinhar arroz. Um dia, Jagadananda convidou Sanatan para comer. Um certo sanyassi chamado Mukunda Saraswati havia dado uma roupa açafrão para Sanatan, a qual ele usou ao redor de sua cabeça (turbante). Quando Jagadananda viu isto, ele pensou que o pano tinha sido dado por Mahaprabhu e então transbordou de amor. Porém, quando soube que aquilo havia sido dado por outra pessoa, ele ficou tão irado que pegou o pote arroz e estava prestes a bater em Sanatan. Ele criticou Sanatan:

   “Você é o associado mais importante de Mahaprabhu. Ninguém é mais querido a Ele do que você. Como alguém poderia tolerar ver você usando um turbante de outro sanyassi ao redor da cabeça?”. Sanatan respondeu: “Bem dito! É claro, Pandit Mahashay, que você é inigualável em seu amor pelo Senhor. Eu não poderia aprender esta lição de ninguém mais á não ser você. Porque apenas você tem tamanha e sólida fé no Senhor, meu propósito ao colocar este pano ao redor da minha cabeça foi realizado, pois logo que você o viu, fui capaz de testemunhar as manifestaçõs de seu amor pelo Senhor. Um Vaishnav não deve vestir roupa vermelha. Vou dar para alguém, pois não preciso mais disto”.

(Chaitanya Charitamrta 3.13.56-61)
     
   Jagadananda ofereceu a comida que havia cozinhado a Mahaprabhu e então tomou prasad com Sanatan. Após associar com Sanatan por dois meses, Jagadananda passou a sentir intensa a falta de Mahaprabhu e pediu permissão a Sanatan para retornar a Puri. Sanatan despediu-se dando a ele um pouco da terra do lugar onde Krishna executou Sua dança de rasa, uma pedra de Govardhan, uma guirlanda e algumas frutas secas para Mahaprabhu. Jagadananda estava deleitante para retornar a Puri para rever Mahaprabhu e os devotos. Chegando lá, Mahaprabhu o abraçou fortemente e ficou extremamente satisfeito com os presentes enviados por Sanatan.


A mensagem de Adwaita

   Mahaprabhu nunca se esqueceu da pura afeição maternal que Sachi Mata tinha por Ele e todos os anos Ele enviava Jagadananda a Nabadwip com um pedaço de alguma de suas roupas pessoais. Jagadananda ia e falava com ela sobre o Senhor e de algum jeito aliviava seu sentimento doloroso da separação de Seu Filho. Na última vez, ele foi até a casa de Adwaita Acharya e pediu permissão para retornar a Puri. Adwaita deu uma enigmática mensagem para Jagadananda entregar a Mahaprabhu que dizia o seguinte:

   “Diga ao Senhor que eu Lhe ofereço milhões de reverências e que eu humildemente Lhe submeto o seguinte: Diga ao homem louco que todo mundo ficou louco. Diga ao homem louco que eles não estão mais vendendo arroz no mercado. Diga ao homem louco que os doidos já não servem para nada. Diga ao homem louco que isto é que o homem louco disse”.

(Chaitanya Charitamrta 3.19.19-21)

   Bhaktivinod Thakur explica este enigma da seguinte maneira:

   “Diga a Mahaprabhu que todo mundo ficou intoxicado de amor por Krishna e então ninguém mais está comprando o arroz de Krishna-prem no mercado do amor. Diga a Mahaprabhu que o homem louco santo está tão intoxicado com o amor divino que ele já não está mais envolvido em seus deveres materiais. Diga a Mahaprabhu que Adwaita disse isto em um estado de completa intoxicação de amor. Resumindo, a mensagem era que o propósito pelo qual Adwaita chamou Mahaprabhu á terra, já havia sido concluido. Agora, o Senhor podia fazer o que desejasse”.

   A data e lugar do desaparecimento de Jagadananda deste mundo é desconhecido.


Nenhum comentário:

Postar um comentário