Artes Marciais e Militares - Kshatriya-dharma. Origem, conceitos e objetivos.

 

Artes Marciais e Militares - Kshatriya-dharma. Origem, conceitos e objetivos.


Deus em Pessoa (Bhagavan Sri Krishna) é a origem não só de todas as criaturas e planetas, mas também de todas as artes e lutas incluindo as Marciais sendo naturalmente o melhor lutador-guerreiro do universo. Aqui (fotos a seguir), juntamente com seu irmão Baladev Prabhu, Ele facilmente matou os melhores lutadores da época quando era ainda adolescente e por fim matou o demoníaco Rei Kamsa da mesma maneira que um leão mata um elefante. O lugar deste torneio marcial que aconteceu há mais de 5000 anos atrás em Mathura- Índia,é visitado por milhares de peregrinos ainda hoje. Isto tudo é descrito em detalhes pelo grande sábio Vyasa em seu Bhagavat (Canto 10). A própria palavra Ju Jutsu, Yu Yutsu ou ainda Jiu Jitsu como é falada hoje no Brasil (escreve-se diferentemente de acordo com a ortografia regional mas possui mesmo significado), vem do sânscrito e significa "yu" da raíz "yudha”- “luta” ou “guerra" e “yutsu” do verbo "utsun" que significa “desejar- desejoso- disposto” formando a palavra “disposto para lutar” ou “espírito de luta”, implica técnicas de combate com ou sem armas. Até mesmo na cultura Japonesa como descrito no wikipedia (Ju Jutsu- link a seguir, https://en.wikipedia.org/wiki/Jujutsu) o termo Ju Jutsu apareceu no Japão primeiramente em 1467 e foi usado como um termo para várias modalidades de artes marciais Japonesas que eram usadas no campo de batalha. Assim, podemos concluir que a palavra Ju Jutsu ou Yu Yutsu como escrita no original sânscrito possuía o mesmo sentido e significado tanto na India quanto no Japão antigo. A palavra Yu Yutsu-Ju Jutsu é encontrada no primeiro verso do Bhagavad Gita- 1.1. "samaveta yu yutsah (ju jutsah)" e também no Gita 1.28- "yuyutsun (ju jutsun) samupasthitam" que é composto de um diálogo- instruções entre o Senhor Krishna e seu amigo e discípulo Arjuna no meio do campo de batalha chamado Kurukshetra- Índia há mais de 5.000 anos atrás, o que evidencia que o conhecimento de técnicas de combate e o uso da palavra Ju Jutsu como um termo que englobava todas estas técnicas, com e sem armas, era conhecido pelos Arianos-Hindus muito antes de Buda que nasceu 2.500 anos depois da batalha de Kurukshetra (Ano 500 anos a.C.), e também de seus seguidores que levarem este conhecimento da Índia para o Japão, China, Tailândia, Korea etc. Em vários idiomas, a letra "Y" é pronunciada como "J" como por exemplo Yasmin se torna Jasmin, e a letra “U” é pronunciada ou escrita como “IU” como o nome Juliano que em italiano é Giuliano. Era o único nome e englobava todo tipo de técnica, com ou sem armas, assim como táticas e códigos morais militares, e um dos únicos sobreviventes na batalha de Kurukshetra e grande guerreiro também se chamava Yu Yutsu (Ju Jutsu) Mais sobre ele- https://en.wikipedia.org/wiki/Yuyutsu

Foi dito nas escrituras que estas técnicas de combate (chamadas hoje no ocidente de artes marciais) serviam principalmente para a proteção de um reino (país, clã, tribo etc.) e que para aprendê-las era necessário muito mais do que mera vontade, força e habilidade para combates com ou sem armas. O estudante deveria também estar disposto a se submeter á disciplina, lealdade ao Mestre, à promessa de seguir os códigos morais do dharma, ao controle da mente e dos sentidos dentre outras qualidades kshatriya, como mostrado também nas fotos abaixo a seguir do livro “Tae Kwon Do” Vol.1- do Mestre Yeo Jin Kim. Estavam sempre ligadas aos deveres prescritos e princípios religiosos, e além da proteção de território em guerras, também eram usadas para ganhar a mão de uma nobre princesa em casamento, onde o príncipe guerreiro demonstrava suas qualidades como força, bravura, habilidades marciais, moralidade etc. Havia uma competição e quem vencia casava com a princesa. As brincadeiras de luta é também um dos principais passatempos do Senhor com seus amigos em Sua morada espiritual.                              Ju Jutsu (Lutas) em sua origem, também conhecido como Kalaripayattu, que engloba todo tipo de arte marcial, com e sem armas, é, desde os tempos antigos, até hoje praticado no sul da India, principalmente em Kerala e foi posta em prática primeiramente pelos Senhores Rama e Parashurama há mais de 16.000.000 anos. Alguém pode questionar isso, porém há também evidências arqueológicas como a ponte de Rama (Rama-sethu, chamada pelos ingleses de Adam´s Bridge, ver google photos) e várias outras descobertas arqueológicas que já haviam sido descritas pelos sábios Valmiki e Tulsidas sobre a passagem de Sri Rama pela terra há mais de 16.000.000 de anos e como ele usou a arte marcial referente ao arco e flecha para matar o rei Demoníaco Ravana no lugar onde é hoje o Sri Lanka. Entre as lutas épicas também descritas nas escrituras Védicas estão- Krishna x Chanur, Mustik e outros, 1 dia inteiro, Krishna x Jambavan que durou 28 dias, Bhima x Jarasandha- 27 dias e Parashurama x Bhisma- 30 dias. As lutas aconteciam apenas durante o dia e ao anoitecer ambos os lutadores ou grupos (no caso de guerra) descansavam em seus acampamentos e voltavam a lutar ao amanhecer. Com o declínio do apropriado varnashrama-dharma hindu na India, os reis da Índia começaram a aceitar o Budismo e então deixaram de proteger seus reinos através da arte militar. Com isso, as artes marciais também entraram em declínio e então, já durante o período do domínio Britanico, elas foram completamente proibidas por temor de perder o domínio após algumas rebeliões por parte dos lutadores de Kalari. Os templos de Kalari foram fechados e os lutadores obrigados a servir no exército Inglês. É, até hoje, a arte marcial mais completa (pois possui técnicas sem e com vários tipos de armas) e é conhecida hoje como Kalaripayattu (video- ver link-https://www.youtube.com/watch?v=2G5DyjfzsVA ), e a forma mais antiga e original das artes marciais contendo técnicas de lutas manuais como golpes traumáticos (Mushti-yudha) como no Karatê, Tae Kwon Do, Boxe, Muay Thai etc., pontos letais, quedas, torçoes, chaves etc (Malla-Yuddha) como no Nin-jitsu, Krav Maga (pontos que também são usados nas massagens Ayurvédicas e na Acunputura) Judô, Luta Livre, Pelwani, Wrestling, e Jiu Jitsu, com bastão, espadas e facas (Vajra-Mushti e Kalari) como no Kung Fu, e também a tradicional dança aos mestres e divindades que hoje é realizada também no Muay Thai (Natya-Puja). Todas estas técnicas são descritas no Upaveda do Yajurveda conhecido como Dhanurveda. Foi levado de forma massiva depois ao Japão, Tibet, China etc., alguns dizem que pelo Budista indiano Boddhidharma, outros que pelo grande imperador Chandragupta Vikramaditya. Como podemos ver que a origem da palavra Yu Yutsu é sânscrita e pelo fato de haver várias evidências de que o Senhor Rama e o Senhor Parashurama conheciam as diferentes artes marciais há pelo menos 16.000.000 de anos atrás, e como o Budismo foi criado há apenas 2.500 anos e as práticas marciais no Japão, China etc.. eram ensinadas grande parte em mosteiros Budistas ou em lugares- escolas isoladas onde também se vivia a filosofia Budista ou suas similares como o Taoismo etc., fica bem claro que elas se originaram da cultura Ariana-Védica. No Sec. 8 d.C., com os Budistas sendo expulsos da Índia pelos artistas marciais Naga sadhus e por debates filosóficos encabeçado por Acharya Shankara, pois os Budistas não acreditavam nos Vedas, todos os seus monges fugiram para a China, Japão, Tibet etc., fazendo com que as artes marciais crescessem por lá ainda mais. Isso condiz também com o aparecimento do sistema feudal e samurais no Japao logo depois, no Sec 10. Como dito anteriormente, as artes marciais em sua essência servem não apenas como técnicas e táticas de guerra e defesa pessoal, mas principalmente como método de auto-conhecimento e de aprimoramento do espírito através da execução do trabalho de acordo com os deveres prescritos para a classe de guerreiros (kshatriya-dharma) assim como do controle da mente, emoções etc, (como enfatizado no Tai-Chi). Os praticantes também aprendem sobre alimentação natural e medicina Ayurvédica, justo como posteriormente, Carlos Gracie agregou ao Jiu Jitsu que chegou ao Brasil trazido pelos Japoneses. Ao que parece, ele pegou estas ideias dos Vedas, provavelmente de alguém que estudou o Ayurveda. Seu filho Reyson me disse que ele estudava livros de alguns hindus como Krishnamurti. A prática do sexo visando procriação também é uma regra essencial de valor humano descrita nas escrituras Védicas. Nos tempos modernos, servem também para manter os jovens longe dos vícios do álcool e das drogas. Infelizmente, devido a falta destes objetivos nobres que a filosofia e a disciplina impõe aos praticantes de artes marciais e que sempre foram presentes no oriente, muitas vezes, vemos que ao invés de trazer benefícios, tal prática se torna fonte de maldade e violência trazendo apenas degradação aos seus praticantes.

Era costume nos tempos antigos, quando as pessoas do mundo seguiam os códigos morais-religiosos, estabelecidos nas escrituras - dharma, de que toda pessoa que tinha propensões para a classe de guerreiros, governamental-militar-administrativa-monárquica da sociedade (kshatriya-varna), era educada nos conhecimentos militares e marciais desde sua infância. O futuro kshatriya então era certamente um grande lutador e também participava de batalhas junto com os demais cidadãos do exército. O Senhor Sri Rama descendeu à terra justo para estabelecer o exemplo ideal de como seguir estes códigos religiosos. Infelizmente a sociedade atual se encontra nesta lamentável condição devido á falta destes Reis-Governantes e Militares ideais. No Dhanur-veda-sastra, escritura milenar Védica que trata destes assuntos, descreve-se diferentes formas de luta e técnicas marciais assim como a caráter e conduta ideal de um guerreiro (O que no Japão se chama Bushido). No Sri Bhagavad Gita também é dito:

"O heroísmo, a firmeza, valentia na batalha, generosidade e liderança, são as ações prescritas para os kṣatriyas (classe governamental- militar) nascidas de sua própria natureza."

(Srimad Bhagavad Gita 18.43)

"Śrī Bhagavān (Deus) disse: “Para os ksatriyas que são valentes e situados no seu religioso dever prescrito, ser covarde em uma batalha não é apropriado ou glorioso."- (Gita, 2.3- comentário.)


"Não violência, em termos de política, é tolice. Gandhi tentou remover os ingleses com sua política de não violência por trinta anos, e nada conseguiu. Tão logo Netaji S.C.Bose organizou seu exército Indiano (INA) com ajuda de Hitler e Tojo (o então Presidente do Japão), os Ingleses viram que não tinham mais chances e foram embora."- (Srila B.V.Swami Prabhupad)





Abaixo fotos do livro “Tae Kwon Do” Vol. 1 do Mestre Yeo Jin Kim












A seguir a narração sobre o torneio de lutas organizado pelo rei Kamsa em Mathura, proferida por um proeminente mestre espiritual Vaishnava, que tinha como sede, seu templo justo ao lado do local deste torneio.



Na zona sul de Mathura, Sri Rangeswar é o protetor do dham. Conspirando para matar Krishna e Balarama, Maharaj Kamsa- o destruidor de sua própria dinastia Bhoja, construiu uma arena de luta neste local. Através de trapaças, Kamsa fez com que Akrura trouxesse Krishna e Baladev de Nanda-Gokul. Após perguntar onde era a arena luta, Krishna e Baladev chegaram lá juntamente com os meninos vaqueiros com o pretexto de ver o local. A arena de luta estava maravilhosamente decorada. Esplêndidas flores, portais arqueados e também o enorme arco de Shankar foram colocados na entrada da arena. O elefante louco Kuvalyapida que havia sido treinado para matar os dois irmãos, bloqueou a entrada principal apenas esperando receber o sinal para mata-Los. A deidade de Rangeswar Mahadev havia sido maravilhosamente decorada de várias formas seu esplendor era incrível.

Quando Ele entrou na arena, Sri Krishna levantou o arco facilmente com sua mão esquerda. Na frente de todos, Ele armou o arco em um piscar de olhos e esticou a corda de tal maneira que o arco se quebrou em pedaços fazendo um trovejante barulho. Ambos os Irmãos mataram facilmente todos os soldados que estavam protegendo o arco. Eles continuaram andando pela cidade e no pôr do sol regressaram aos Seus acampamentos.

No dia seguinte, ao alvorecer, as lutas começaram. Muitos lutadores ferozes e gigantes tais quais Chanur, Mustik, Shala e Toshala estava dentro da arena prontos para o torneio de lutas. Juntamente com seus amigos e cidadãos proeminentes de Mathura, Maharaj Kamsa estava sentado em uma plataforma elevada. Krishna e balaram retornaram a arena e após matar Kuvalyapida, Sri Krishna arrancou as duas presas do elefante e as suou para matar o adestrador de elefantes e outras pessoas perversas. Alguns soldados de Kamsa correram até ele para lhe falar sobre o incidente. Irado, Kamsa assinalou a Chanur e Mustik para que matassem os dois garotos rapidamente. Justo neste momento, Krishna e Baladeva, com Seus corpos manchados de sangue e sorrindo como dois filhotes de leão, chegaram à arena de luta carregando as gigantes presas do elefante em Seus ombros. Chanur e Mustik desafiaram os dois irmãos para a luta fazendo gestos como contrair os músculos, para demonstrar poder e força. Sri Krishna, o propagador da conduta apropriada, sugeriu que Ele e Balaram lutassem com lutadores da mesma idade. Porém, para aparecer para Maharaj Kamsa, Chanur arrogantemente desafiou Sri Krishna enquanto Mustik desafiou Balaram. Era justo o que Krishna e Baladev queriam e então a luta começou.

Considerando que as lutas eram imorais e injustas, as mulheres da cidade se levantaram e preparam para ir embora. Contemplando a beleza de Sri Krishna, elas disseram: “Ah! Na verdade, apenas a terra de Vraj é realmente sagrada e abençoada. A Pessoa Suprema mora lá disfarçado de um ser humano comum. Este Senhor, cujo os pés de lótus são adorados pelo Deus dos deuses Mahadev Shankar e por Lakshmi, perambula em grande êxtase lá. Ele veste uma guirlanda de flores silvestres coloridas, toca Sua flauta e realiza vários passatempos com Balaram e Seus amigos enquanto pastoreia as vacas. Esta doçura da forma de Krishna está disponível apenas para os residentes de Vrindavan, especialmente para as gopis. Os pavões, papagaios, vacas, bezerros e rios de Vraj são todos abençoados. Elas ficam satisfeitos em saborear livremente as variadas doçuras de Krishna”.

Enquanto as mulheres de Mathura discutiam isto, Sri Krishna vencia e matava Chanur e Balaram matava Mustik. Então os dois irmãos também mataram Kuta, Shala, Toshal e outros lutadores. Kamsa ficou furioso e ordenou que Krishna, Baladev, Nanda e Vasudev fossem enviados a prisão. Porém, em um piscar de olhos e com grande rapidez, Sri Krishna pulou até a plataforma onde Kamsa estava sentado e o pegando pelo cabelo, Krishna o jogou no chão. Krishna então montou em Kamsa e com fortes socos na cabeça fez com que a força vital de Kamsa fosse embora justo como um pássaro em voo. Sem o menor esforço, Sri Krishna matou Kamsa e seus associados na arena de luta de forma magnífica. Vendo este espetáculo (ranga), Shankara, a quem Kamsa adorava, sentiu-se jubiloso. Então, por esta razão seu nome se tornou Rangeswar. Até os dias de hoje, Ranga-bhumi glorifica este colorido passatempo de Sri Kṛṣṇa”.


(Do livro “Vraj-mandal parikram” de Śrīla B.V.Narayan Goswaami)



Sobre a Guerra do Mahabharata

Mahārāja Śāntanu foi um famoso e influente imperador da dinastia Kuru. Ele era um cavaleiro e também religioso. Sua esposa, Gaṅgā-Devī, deu a luz a um filho chamado Bhīṣma, que era uma porção (aṁśa) do oitavo Vasu. Contudo, ele desapareceu depois do nascimento da criança devido algumas circunstâncias particulares. Após isto, enquanto Mahārāja Śāntanu estava em uma expedição de caça, ele viu uma princesa de beleza incomparável chamada Satyavatī na casa de Dasaraja, o Rei dos Niṣādas. Na realidade a princesa foi gerada do sêmem de um Uparicara Vasu do útero de um peixe e o Rei dos Niṣādas criou e educou-a como se fosse sua própria filha.

Mahārāja Śāntanu pediu ao Rei permissão para casar com a princesa Satyavatī e Nisadaraja consentiu com a condição que a criança nascida do útero dela deveria ser o herdeiro do reino de Śāntanu. Entretanto, Mahārāja Śāntanu não aceitou esta condição e retornou para sua capital. Quando o príncipe Bhīṣma ouviu sobre isto, ele quis satisfazer o desejo de seu pai, então ele fez um grande voto vitalício de brahmācārī, a fim de garantir que o filho de Satyavatī pudesse de fato conseguir o reino. Desta maneira, Śāntanu foi capaz de casar com Satyavatī e em retorno deu a Bhīṣma a dádiva de que ele só poderia morrer quando bem quisesse. Satyavatī deu a Mahārāja Śāntanu dois filhos, que eram chamados de Citrāṅgada e Vicitravīrya.

Após a morte de Mahārāja Śāntanu, Bhīṣma fez de Citrāṅgada o sucessor do trono, mas devido a morte prematura de Citrāṅgada o trono foi dado a Vicitravīrya. Vicitravīrya tinha duas esposas, seus nomes eram Ambikā e Ambālikā, porém ambas morreram jovens sem gerar nenhuma criança. Mãe Satyavatī ficou duplamente triste, porque a morte de seus filhos deixou a dinastia sem sucessor. Ela avisou seu primeiro filho, Mahāṛṣi Vedavyāsa, simplesmente por lembrar-se dele. Para proteger a dinastia, sob suas instruções e aprovação do avô Bhīṣma, Vedavyāsa gerou filho na esposa de Vicitravīrya. Ambikā gerou Dhṛtarāṣṭra e Ambālikā gerou Pāṇḍu e o santo Vidurajī nasceu do ventre da criada de Vicitravīrya. Dhṛtarāṣṭra era cego de nascimento, então seu irmão mais novo Pandu foi feito Rei. Mahārāja Pāṇḍu foi um imperador cavaleiro e influente e era dotado de todas as boas qualidades. Ele teve cinco filhos, dos quais Yudhiṣṭhira era o mais velho. Dhṛtarāṣṭra teve cem filhos, entre os quais Duryodhana era o mais velho. Devido à influência do tempo o Rei Pāṇḍu morreu enquanto todos os príncipes eram bem jovens, então o avô Bhīṣma entronizou Dhṛtarāṣṭra e o fez responsável pela proteção do reino até o crescimento dos príncipes.

Quando os cincos Pāṇḍavas e os filhos de Dhṛtarāṣṭra encabeçados por Duryodhana cresceram, houve um grande conflito, acerca da sucessão do trono real. O rei Dhṛtarāṣṭra favoreceu seus filhos, e queria que Duryodhana fosse o Rei por bem ou por mal. Contudo, o altamente religioso e grandioso avô Bhīṣma não poderia permitir iṣṭo por causa da pressão das outras respeitadas personalidades e dos cidadãos. Duryodhana, que nasceu de um membro de Kali, era extremamente perverso, irreligioso por natureza, e queria ter o reino pra si, sem nenhuma oposição. Com este propósito, ele fez várias conspirações para assassinar os Pāṇḍavas, com o secreto consentimento do Rei Dhṛtarāṣṭra.

A despeito do pedido de Mahāṛṣi Veda-Vyāsa, do grande ancestral Bhīṣma, do Guru Droṇācārya, do santo Vidura e de outros, Dhṛtarāṣṭra não deu aos Pāṇḍavas a metade legítima do reino. Ainda que, apenas por uma demonstração externa ele coroou o príncipe Yudhiṣṭhira como rei da metade do reino. Ele, em seguida, concedeu a recém-construída cidade Varanavat, onde Duryodhana planejava assassinar todos os Pāṇḍavas incendiando o recém-construído palácio. Dhṛtarāṣṭra aprovou este terrível plano, mas pelo querer de Bhagavān, os Pāṇḍavas foram de alguma forma salvos.

No devido curso do tempo, os Pāṇḍavas casaram com Draupadī. Quando Duryodhana descobriu que eles ainda estavam vivos, ele consultou seu pai novamente e os convidou à Hastināpura. Por ordem do ancestral Bhīṣma e de outros anciões e a pedidos dos súditos, aos Pāṇḍavas foi dado a soberania de Khāṇḍava Prastha, (Indraprastha). Lá, com a assistência de Śrī Kṛṣṇa e de um asura chamado Māyā, os Pāṇḍavas construíram um maravilhoso palácio e uma cidade. Em um curto espaço de tempo eles conquistaram todos os importantes reis da Índia e realizaram um grande sacrifício – rājasūya-yajña.

O Rei Dhṛtarāṣṭra e Duryodhana ficaram extremamente invejosos com os Pāṇḍavas como resultado deste yajña e conspiraram para derrotá-los em uma partida de jogo de azar. Eles tomaram um reino inteiro dos Pāṇḍavas e os forçaram a padecer doze anos no exílio, e então viver incognitamente por um ano adicional. Mesmo depois desta prolongada prova, Dhṛtarāṣṭra e Duryodhana não devolveram o reino aos Pāṇḍavas. O Próprio Śrī Kṛṣṇa foi a Hastināpura como um embaixador dos Pāṇḍavas para transmitir a mensagem de que Duryodhana deveria dar a eles pelo menos cinco vilas. Contudo, Duryodhana manteve-se obstinado e inflexível e disse a Kṛṣṇa que ele não daria aos Pāṇḍavas nem um punhado de terra que coubesse no buraco da ponta de uma agulha, muito menos cinco vilas, a não ser que eles o derrotassem em uma batalha.

Bhagavān Śrī Kṛṣṇa apareceu com um propósito de estabelecer o dharma (princípios religiosos), para proteger os sādhus (pessoas piedosas e santas) e para aniquilar os asuras (pessoas demoníacas). No curso da batalha do Mahābhārata, Ele usou Arjuna e Bhīṣma como instrumento para auxiliar em seu plano de aliviar a terra do enorme fardo que estava à oprimindo.





Pintura da Guerra do Mahabharata





Fotos abaixo das armas usadas na Guerra do Mahabharata:








Antes da Guerra do Mahabharata começar, o Senhor Kṛṣṇa instruiu seu amigo e discípulo Arjuna sobre a filosofia da guerra e do ato de lutar em uma batalha:



Śloka 31



svadharmam api cāvekṣya na vikampitum arhasi

dharmyād dhi yuddhāc chreyo’nyat kṣatriyasya na vidyate



Além do mais, se consideras teu dever de kṣatriya, não deves oscilar de modo algum, pois não há atividade melhor para um kṣatriya do que lutar por um propósito religioso.



Bhāvānuvāda

Desde que a alma é indestrutível, não lhe é correto ficar perturbado por pensar que a alma pode ser morta. E se você considera seu próprio dever religioso, também não lhe é aconselhável ficar perturbado. De acordo com ambos os pontos de vista, é recomendável que Arjuna lute.”



Śloka 32

yadṛcchayā copapannaṁ svarga-dvāram apāvṛtam

sukhinaḥ kṣatriyāḥ pārtha labhante yuddham īdṛśam



Ó Pārtha, afortunados são os kṣatriyas que têm semelhante oportunidade de lutar, pois isso é como uma porta de entrada escancarada para os planetas celestiais.

Bhāvānuvāda

Śrī Bhagavān diz: “Em uma batalha religiosa, aqueles que são mortos pelos conquistadores obtém mais felicidade do que aqueles que os matam. Então, para dar mais prazer a Bhīṣma e aos outros do que a você próprio, você deve matá-los.” Para evidenciar essa declaração, Śrī Bhagavān está falando o presente verso começando com a palavra yadṛcchayā. Yadṛcchayā significa ‘obter os planetas celestiais sem executar atividades piedosas, ou karma-yoga’. Apāvṛtam significa ‘descoberto’ ou ‘desvendado’. Nesse caso refere-se ao reino celestial, o qual se torna desvendado para um kṣatriya afortunado que morre na batalha.

Prakāśikā-vṛtti

No Gītā (1.36) Arjuna perguntou: “Ó Mādhava, qual felicidade virá a nós ao matar nossos amigos e parentes?” Para responder isso, Śrī Bhagavān está instruindo Arjuna que o dever religioso de um kṣatriya é lutar em uma batalha, a qual abre as portas para os planetas celestiais. “Se você vence essa batalha, conseguirá grande fama e o prazer de um reino. Por outro lado, por que essa é uma batalha pela justiça, se você morre, você definitivamente alcançará Svarga (planetas celestiais). Até mesmos os agressores e aqueles que lutarão do lado da irreligião alcançarão Svarga se forem mortos nessa batalha.” Os Smṛtis dizem:

āhaveṣu mitho ‘nyonyam jighāṁsanto mahī-kṣitaḥ

yuddhamānāḥ param śaktyā svargaṁ yanty aparan-mukhah

Quando os reis kṣatriyas lutam um contra o outro com grande força em uma batalha, sem dar as costas ao inimigo, eles certamente entram nos reinos celestiais após a morte.”

Śrī Kṛṣṇa está dizendo a Arjuna: “Então, não lhe é apropriado ficar averso a essa batalha, a qual será lutada por uma questão de justiça.”





Śloka 33



atha cet tvam imaṁ dharmyaṁ saṅgrāmaṁ na kariṣyasi

tataḥ sva-dharmaṁ kīrtiṁ ca hitvā pāpaṁ avāpsyasi



Mas, se você não executa teu religioso dever prescrito nas escrituras de participar desta batalha religiosa, desobedecerás teu dever de kṣatriya e perderá tua fama. Mais que isso, você simplesmente colherá a reação pecaminosa.

Bhāvānuvāda

No presente verso começando com atha e nos três versos seguintes, Śrī Bhagavān explica os defeitos de tomar a postura de não lutar.



Śloka 34

akīrtiṁ cāpi bhūtāni kathayiṣyanti te ’vyayām

sambhāvitasya cākīrtir maraṇād atiricyate

O povo só irá falar sobre tua infâmia interminavelmente. Para uma pessoa honrosa, a desonra é mais dolorosa que a morte.



Bhāvānuvāda

Aqui, a palavra avyayām significa indestrutível e sambhāvitasya indica uma pessoa famosa e muito honrável.



Śloka 35

bhayād raṇād uparataṁ maṁsyante tvāṁ mahā-rathāḥ

yeṣāṁ ca tvāṁ bahu-mato bhūtvā yāsyasi lāghavam



Grandes guerreiros como Duryodhana e outros, irão pensar que fugiste da batalha devido ao temor. Aqueles que sempre te honravam, considerar-te-ão um ser insignificante.

Bhāvānuvāda

Seus oponentes tem a seguinte opinião: ‘Nosso inimigo Arjuna é extremamente valente.’ Se você corre da batalha após ser objeto de tal honra, você será visto como um covarde aos olhos deles. Mahārathīs como Duryodhana e outros irão pensar que você fugiu da batalha por medo. ‘Deve ser devido ao medo, e não devido a afeição por seus parentes, que um kṣatriya se torna averso a lutar em meio ao campo de batalha.’ Eles vão considerar sua posição apenas dessa forma.”



Śloka 36



avācya-vādāṁś ca bahūn vadiṣyanti tavāhitāḥ

nindantas tava sāmarthyaṁ tato duḥkhataraṁ nu kim

Teus inimigos te insultarão com palavras duras e criticarão tuas habilidades. Ó Arjuna, o que poderia ser mais doloroso para ti?

Bhāvānuvāda

Avācya-vādān implica o uso de palavras duras como ‘eunuco’.





Śloka 37

hato vā prāpsyasi svargaṁ jitvā vā bhokṣyase mahīm

tasmād uttiṣṭha kaunteya yuddhāya kṛta-niścayaḥ



Ó filho de Kuntī, se você for morto na batalha, alcançarás os planetas celestiais, e se sair vitorioso, desfrutarás do reino da terra. Portanto, levanta e luta com determinação.

Bhāvānuvāda

Pode surgir uma pergunta na mente de Arjuna: “Por que eu deveria lutar na batalha enquanto a vitória não é certa?” Śrī Bhagavān responde ao falar esse verso começando com hataḥ.



Śloka 38

sukha-duḥkhe same kṛtvā lābhālābhau jayājayau

tato yuddhāya yujyasva naivaṁ pāpaṁ avāpsyasi

Sabendo que felicidade e aflição, perda e ganho, vitória e derrota, são todos iguais, você deve se preparar para lutar. Dessa maneira, não cometerás pecado algum.

Bhāvānuvāda

Śrī Kṛṣṇa diz: “Ó Arjuna, lutar é seu único dever. Você duvida disso e pensa que ao lutar, incorrerás em pecado, porém, deves aceitar Minhas instruções e lutar. Se fizer isso, você não incorrerá em nenhuma reação pecaminosa. Através da vitória ou derrota, você ganhará um reino ou o perderá, e como consequência experimentará felicidade ou aflição. Então, ó Arjuna, reflita sobre isso com boa sabedoria, e luta, sabendo que vitória ou derrota são o mesmo. Você não incorrerá em pecado até quando você estiver dotado com a qualidade da equanimidade.” Esse tópico também é descrito posteriormente no Gītā (5.10):

lipyate na sa pāpena padma-patram ivāmbhasā

Justo ccomo a folha do lótus nunca se molha mesmo permanecendo na água, similarmente, mesmo engajando-te na batalha, você não incorrerá em pecado.”

Prakāśikā-vṛtti

No Gītā (1.36) Arjuna está pensando: “Vou incorrer em pecado ao matá-los.” Ao falar esse verso, Śrī Kṛṣṇa refuta os infundados argumentos de Arjuna. Śrī Kṛṣṇa está dizendo: “Existe a possibilidade de incorrer em pecado ao matar os próprios parentes na batalha quando a batalha é lutada com apego a sua própria felicidade e lamentação. Estou lhe explicando como você pode ficar livre de pecado. O pecado não lhe tocará se você executa seu dever de lutar de acordo com as Minhas instruções, considerando a felicidade, lamentação, perda, ganho, vitória e derrota como sendo iguais.” Alguém se torna pecaminoso, ou preso à ação, se está apegado aos frutos de suas ações. Então, é certamente necessário renunciar o apego à ação. Esssa conclusão foi estabelecida no Gītā (5.10):



brahmāṇy ādhāya karmāṇi asṅgaṁ tyaktvā karoti yaḥ

lipyate na sa pāpena padma-patram ivāmbhasā



Aqueles que abandonam todo o apego ao trabalho e rendem o resultado de seu trabalho a Mim - o Controlador Supremo, não ficam afetados pelo pecado, justo como a folha do lótus permanece intocável pela água.”









O Senhor Śrī Kṛṣṇa e Śrī Balaram no torneio de lutas organizado por Kamsa em Mathura, há 5.000 anos atrás. Não havia regras e terminou com a morte dos seis oponentes de Kṛṣṇa-Balaram e depois do rei Kamsa.


om/watch?v=4kouA6l3Tn0&fbclid=IwAR255orQAQSyZC2Bttlpgej2HLMyXE5ctkLhmWMRM9Rckf3mXcz-qFuFIwI- História das artes marciais na India-Kalari.

O Senhor Supremo desfere socos em Kamsa na arena de lutas em Mathura acabando com seu reinado. Foi o último suspiro do Rei demoníaco.






Outra pintura, Śrī Kṛṣṇa mata Kamsa em Mathura.

Ruínas do Palácio do Rei Kamsa em Mathura, onde foi o torneio de lutas no qual o Senhor Supremo Kṛṣṇa e Balaram mataram todos os seus oponentes. (Foto tirada em 2010).



O Senhor Parashurama, Juntamente com o Senhor Rama, os primeiros a manifestar o conhecimento das artes marciais na terra.



O Senhor Bhagavān Śrī Rama





O histórico combate entre o Pandava Bhima e o Rei Jarasandha, que durou 27 dias




Nota- O artigo acima é uma breve descrição condensada, fruto de uma extensa pesquisa sobre a origem, conceitos, objetivos e história das artes marciais e militares (kshatriya-dharma) encontradas em autênticas escrituras milenares da Índia como o Srimad Bhagavad Gita, Ramayana, Dhanurveda e Śrīmad Bhāgavatam. Devido a precisão dos cálculos matemáticos concedidos nos Vedas referentes ao tempo das quatro eras que compõem um ciclo terreno, é que estas escrituras nos informam o exato período no qual o Senhor Rama e o Senhor Parashurama estiveram na terra, que data de aproximadamente 16.000.000 de anos. Por isso, podemos determinar, que desde este período, o Ju Jutsu como um todo já era conhecido e praticado em toda a terra, pois naquele tempo o mundo vivia sob uma só cultura e muitas vezes um só Rei. O autor- o Monge Bruno Macieira (Baladev brahmachari) praticou entre 1986 a 2003 o Judô, Capoeira, Jiu Jitsu, Muay Thai e Luta Livre. Ganhou competições no Judô e no Jiu Jitsu e deu aulas de Jiu Jitsu como representante da Equipe Dela Riva em Belo Horizonte. Depois disso, tem se dedicado exclusivamente a vida espiritual, conduz um templo Goudiya Vaishnava em B.H. dando aulas sobre a filosofia-teologia contida nas milenares escrituras Védicas tendo traduzido e publicado vários livros.


Abaixo links de artigos, vídeos e documentários sobre o tema:


https://en.wikipedia.org/wiki/Indian_martial_arts

http://www.atarn.org/india/dhanurveda_eng.htm

https://www.youtube.com/watch?v=PMwSA-BAkzA&fbclid=IwAR3pT4RS3pZiX-DVw38w1CvCuSkFgWcNg7tNo6fdLE-bufuiz-Zx9QWj8ak – Desenho Animado, Torneio de lutas em Mathura, Kṛṣṇa e Balaram x Chanur, Mustik, Kamsa etc...

https://www.youtube.com/watch?v=0Ape1NPHa3g&fbclid=IwAR1IFsGJxCmOEUwZ8YR0BOsuu_d7iOT7hDgeFrIdJVO2kUatzbkySlicig4- Desenho Animado, brincadeira diárias de lutas no mundo espiritual.

https://www.youtube.com/watch?v=7OTWUruLwfk&fbclid=IwAR36PIuO02e8ZRcwwvHkH5Io70Z9ZJECm6OWaHsJ00HOctlNx3aivbEWU38- Documentário sobre Kalari.

https://www.youtube.com/watch?v=2G5DyjfzsVA&fbclid=IwAR255orQAQSyZC2Bttlpgej2HLMyXE5ctkLhmWMRM9Rckf3mXcz-qFuFIwI- Demonstração de Kalari.

https://www.youtube.com/watch?v=4kouA6l3Tn0&fbclid=IwAR255orQAQSyZC2Bttlpgej2HLMyXE5ctkLhmWMRM9Rckf3mXcz-qFuFIwI- História das artes marciais na India-Kalari.