Aceitando a Realidade com boa vontade

   Ninguém jamais poderá esperar que, nem mesmo fisicamente, uma pessoa poderá nascer ou se tornar completamente idêntica à outra. Pensar que isso, algum dia, poderá se tornar realidade, é mera perda de tempo, uma ilusão sem sentido algum e um certo desejo inútil de dominar a natureza material. Indo mais além dentro deste campo de visão, outros podem não aceitar a natural pluralidade humana com suas distintas e intrínsecas características individuais ao se sentirem inferiores a outros indivíduos quando veem neles qualidades ou bens que desejariam ter e então também produzem métodos e sistemas artificiais para tentarem acabar com o que eles chamam de injustiças ou até mesmo uma dita ‘maldade’ de Deus ou da natureza- jamais culpam a si mesmos ou aos seus próprios maus karmas, presentes ou passados. Tal propensão, porém, naturalmente e fatalmente culmina no pior desastre que um ser humano pode acalentar para sua própria vida e alma, que é a insensatez, a aversão e a explícita rebeldia contra aquele que possui todas as boas qualidades do mundo no grau mais elevado que alguém não pode sequer imaginar que é Bhagavan- Deus em Pessoa. Todos nós, almas condicionadas deste mundo, mesmo não experimentando, ou já tendo vencido na nossa presente situação, os estágios iniciais de entendimentos errôneos e da não aceitação do processo natural das coisas, estamos de um jeito ou de outro, em algum nível, incluídos nesta ultima situação, porque a inveja de Deus, consciente ou inconsciente, é o que nos faz ter o falso ego de nos considerarmos os desfrutadores de pessoas e objetos deste mundo, que foram todos criados não por nós, mas por Deus, e então são de uso e fruto apenas Dele e de mais ninguém. Alguém então poderia questionar que já que Ele criou este mundo, então porque não podemos ser felizes aqui com as pessoas e objetos que Ele criou? A resposta é que este mundo não foi criado para ser um lugar de felicidade e sim para ser um reformatório de almas rebeldes que se esqueceram de Seu Criador, um lugar de aprendizado para aqueles que ainda não compreenderam que não são desfrutadores, ou que ainda estão tentando compreender, ou que estão no período de prática, de cantar Seu nome, lembrar Dele para se tornarem perfeitos. Mas aqueles que no presente momento, se tornaram perfeitos, sempre cantam o Nome e as glórias de Deus, se lembram Dele e compreendem que tudo deve ser usado para o benefício do Dono, terão, neste e no próximo (eterno) mundo, a fortuna de serem felizes justo como Ele também é. Em outras palavras, aqueles que desde o começo da própria existência espiritual concebida por Deus na região marginal ou neutra (tatastha-shakti), situada entre o mundo espiritual e o material, decidiram ter inveja Dele e desejaram desfrutar como Ele ao invés de aceitar a Verdade e a Supremacia de Deus sobre todas as almas e tudo que existe em todos os universos, ganham um corpo sutil e grosseiro e são jogados neste mundo material para aprenderem uma lição e então serem re-educados na realidade para, um dia, através de uma sequencia de punições e sofrimentos, puderem se redimir e se estabelecerem em suas posições originais e naturais de seres eternos e obedientes serventes de Deus, que servem o Criador em felicidade constante. Quanto mais rápido dispersamos o falso ego de considerar nosso corpo e mente materiais como sendo o "eu" e as pessoas e objetos ligados a eles como sendo "nossos" e encaramos esta realidade de frente ao nos tornarmos mais mansos e humildes perante Ele a Seus enviados, menos sofremos aqui. Os ditados das escrituras nos instrui no serviço a Deus não porque Ele precisa do nosso serviço para se sentir superior, completo ou bem aventurado, porque Ele já é tudo isso Nele mesmo (om purnam adah purnam idam), mas porque Ele sabe que nós seremos felizes apenas se compreendemos esta Verdade natural. O maior beneficiado será nós mesmos, e Ele também se sentirá feliz por nós porque em termos de misericórdia e amizade, Ele também é o melhor e maior de todos.

baladev das

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