Śrī Prema Vivarta
Divinas transformações de amor espiritual
Śrīla Jagadānanda Pandit
O Autor
Por, Shri Shrimad Bhakti
Ballabh Tirtha Goswami Maharaj
No Shri Chaitanya Bhagavat (2.7.3), Shrila
Vrindavan Thakur escreveu: “Todas as glórias a Gouranga, a vida de Jagadananda
Pandit e Shri Garbha! Todas as glórias á riqueza de Vakreswar Pandit!”.
Apesar de que o lugar e data do nascimento
de Jagadananda Pandit sejam desconhecidos, do Shri Chaitanya Bhagavat ficamos
sabendo que Jagadananda Pandit estava presente em Shrivas Angan e também na
casa de Chandrashekar depois que Mahaprabhu retornou de Gaya e então participou
do movimento de sankirtan desde o
começo.
Jagadananda acompanha o
Senhor até Puri
Dos escritos de Vrindavan Das Thakur,
sabemos que Jagadananda Pandit é um associado eterno do Senhor e participou com
Ele em Seu sankirtan em
Navadwip-lila. Disto podemos pensar que ele nacseu em algum lugar na Bengala.
De acordo com o Chaitanya Bhagavat, Jagadananda Pandit estava no grupo de
devotos que acompanharam Mahaprabhu de Shantipur até Puri depois que Ele tomou sannyas. Com ele, também estavam- Nityananda
Prabhu, Gadadhar Pandit, Mukunda Datta, Govinda e Brahmananda.
Em seu caminho á Puri, quando eles viajavam
através de Atisar, Chatrabhog, Norte de Orissa, Suvarnarekha, Jaleswar, Remuna,
Jajpur, Vaitarani, Cuttack, Sakshi Gopal, Bhubaneswar, Kamalpur e Atharo Nala,
Mahaprabhu ensinou várias coisas sobre como ser imparcial e não desejar coisas
mundanas, e então depender absolutamente do Senhor. Em um lugar chamado Ganga
Ghat, justo após cruzar a fronteira de Orissa, o próprio Mahaprabhu disse a
seus companheiros para esperá-Lo no templo enquanto Ele iria mendigar no
vilarejo. Ele retornou com arroz e vegetais enrolados em sua roupa e os deu
para Jagadananda cozinhar. Quando Jagadananda terminou de preparar o alimento,
Mahaprabhu e Seus companheiros comeram sua preparação com grande deleite.
De acordo com o Chaitanya Bhagavat,
Mahaprabhu entregou sua danda para
Jagadananda carregar enquanto eles andavam. Um dia, Jagadananda entregou a danda a Nityananda Prabhu enquanto ele
coletava alguns alimentos. Nityananda não é diferente de Balaram, então ele
tomou esta oportunidade para quebrar o bastão de Mahaprabhu em três pedaços,
ensinando assim Seus seguidores que eles devem aceitar tridanda, um bastão contendo três bambus que significa a aceitação
do Vaishnav tridandi sannyas.
Jagadananda então pegou o bastão quebrado e o trouxe para Mahaprabhu, que ficou
extremamente infeliz de ter perdido sua única posse. Mahaprabhu disse a Seus
companheiros que desejava viajar sozinho, dando-lhes a chance de escolher-
andar na frente ou atrás Dele. Então, os devotos responderam que iam andar
atrás Dele.
Ainda caminhando na frente dos outros
devotos, Mahaprabhu chegou em Atharo Nala e teve uma visão de Krishna tocando
Sua flauta no topo do templo de Jagannath. Ele correu em direção ao templo e ao
deslumbrar a forma de Jagannath, desmaiou. Sarvabhauma Battacharya O viu e O
levou até sua própria casa onde tomou conta Dele. Nityananda, Jagadananda,
Mukunda e Damodar chegaram ao templo não muito depois. Lá, eles escutaram que o
Senhor estava na casa de Sarvabhauma e imediatamente foram até lá. Este foi o
primeiro encontro entre Jagadananda e Sarvabhauma Battacharya.
Um permanente associado
do Senhor em Puri
Na primeira vez que Mahaprabhu desejou ir a
Vrindavan, Ele foi de Gauda Mandal até Puri. Ele ficou em Vidyanagar por cinco
dias e de lá foi para Kuliya (Koladwip) e passando pelo distrito de Maldah
chegou a Ramakeli onde Se encontrou com Rupa e Sanatan. Nesta ocasião
Jagadananda estava entre os associados de Mahaprabhu, juntamente com
Nityananda, Haridas, Srivas, Gadadhar, Mukunda, Murari e Vakreswar.
Jagadananda Pandit era um permanente
associado do Senhor (Sri Chaitanya) em Puri:
“Gadadhar Pandit, Vakreswar, Damodar,
Shankar, Hari Das, Jagadananda, Bhavananda, Govinda, Kashiswar, Paramananda
Puri e Swarup Damodar, todos vieram e estabelecram residência em Puri. Juntamente
com Ramananda e outros residentes de Shri Kshetra, eles eram companhias
permanentes de Mahaprabhu”
(Chaitanya Charitamrta.
2.1.252-4)
O sentimento devocional amoroso primário de
Jagadananda Pandit era de madhurya-rasa,
o qual era muito satisfatório a Mahaprabhu conquistando assim Seu coração. No
Chaitanya Charitamrta (2.2.78), isto é descrito assim:
“Paramananda Puri tinha afeição paternal por
Mahaprabhu, Roy Ramananda tinha amor fraterno puro (sakhya, assim como madhurya-rasa), Govinda Das tinha amor
como um servente, Gadadhar, Jagadananda e Swarup Damodar O adoravam no êxtase
da relação amorosa chefe- madhurya rasa.
O coração de Mahaprabhu foi conquistado por estas quatro diferentes atitudes
amorosas”.
Pela misericórdia de Mahaprabhu, Sarvabhauma
Battacharya abandonou sua filosofia impessoal mayavada e adotou o caminho da devoção. Ele então teve uma visão de
Mahaprabhu em uma forma de seis braços que o inspirou a compor um poema de cem
versos em sânscrito glorificando o Senhor. Ele escreveu os primeiros dois
versos em uma folha de palmeira e deu isto a Jagadananda para mostrar ao
Senhor. Mukunda Datta estava lá quando Jagadananda veio da casa de Sarvabhauma
carregando Jagannath prasad e a folha
de palmeira. Ele então teve a precaução de copiar os dois versos na parede em
frente à residência do Senhor antes que Jagadananda entrasse para mostra-Lo.
Assim que viu os versos, Mahaprabhu rasgou a folha de palmeira.
Afortunadamente, como resultado da previsão de Mukunda, os devotos se
deleitaram ao ler os versos. A seguir, o conteúdo destes dois versos:
vairagya-vidya-nija-bhakti-yoga-
śikṣārtham ekaḥ puruṣaḥ purāṇaḥ
śrī-kṛṣṇa-caitanya-śarīra-dhārī
kṛpāmbudhir yas tam ahaṁ prapadye
kalan naṣṭaṁ bhakti-yogam nijam yaḥ
prāduṣkartuṁ krsna- caitanya -nama
āvirbhūtas tasya padāravinde
gāḍhaṁ gāḍhaṁ līyatāṁ
citta-bhṛṅgaḥ
“Refugio-me na Suprema Personalidade de Deus, o oceano da misericórdia
transcendental- Shri Krishna, que descendeu na forma do Senhor Chaitanya
Mahaprabhu para nos ensinar desapego, conhecimento real e Seu próprio serviço
devocional”.
Mahaprabhu tomou sannyas no
mês de Magha- (Janeiro-Fevereiro). Ele chegou a Nilachala no mês de Phalgun-
(Fevereiro-Março). No mês de Chaitra (Abril-Maio), Ele converteu Sarvabhauma
Battacharya ao Vaishnavismo. No mês de Vaishakh (Abril-Maio), Ele começou Sua
peregrinação ao sul da Índia.
Quando
Mahaprabhu disse que queria peregrinar sozinho, Nityananda Prabhu tentou
convecê-Lo a levar um acompanhante e sugeriu acompanha-Lo. Então, Mahaprabhu
mostrou grande afeição aos Seus associados (Nityananda, Damodar Brahmachari e
Jagadananda Pandit) ao reclamar e refutar suas companhias. Sobre Jagadananda,
Ele disse:
“Jagadananda quer que eu desfrute da gratificação dos sentidos. Eu tento
fazer tudo que ele me pede porque tenho medo dele. Sempre que faço algo contra
seus desejos, ele fica irado e para de falar comigo por três dias”.
(Chaitanya Charitamrta 2.7.21-22)
Sanatan vai a Puri
Em uma
ocasião, Sanatan Goswami estava vindo de Vraja, e passou por Jharikhanda para
chegar a Puri. No caminho, ele adquiriu bolhas de pus e sangue por todo corpo
ao tomar água impura e jejuar em toda sua jornada. Sanatan ficou extremamente
perturbado pela doença porque sua impureza física faria dele um obstáculo para
os serventes de Jagannath. Pensando sobre esta potencial ofensa, ele decidiu se
jogar debaixo das rodas do carro de Jagannath durante o Ratha Yatra. Sriman
Mahaprabhu, o monitor interno de todas as entidades vivas, sabia da decisão de
Sanatan e então lhe disse: “Você não pode obter Krishna por cometer suicídio.
Você apenas pode obtê-Lo através de bhajan.
Você não tem o direito de destruir o corpo que lhe foi dado para que possa render
serviço”.
Estas
instruções tiveram efeito na mente de Sanatan e ele mudou sua mentalidade. O
Senhor não considera a pureza ou impureza do corpo externo do devoto. Ele é
atraído pela pureza interna do desejo de alguém pelo serviço devocional. Então,
Mahaprabhu não hesitava em abraçar Sanatan vez e outra. Quando ele o abraçava,
o pus que saia das bolhas de Sanatan tocava o corpo do Senhor e isto deixava
Sanatan desconfortável e envergonhado. Sanatan então procurou Jagadananda para
pedir conselho e Jagadananda disse a ele para ir à Vrindavan imediatamente após
o Ratha Yatra. Sanatan pensou que esta era a melhor solução e pediu permissão a
Mahaprabhu. Ao escutar isto, Mahaprabhu ficou irado e reprimiu Jagadananda
dizendo a Sanatan:
“Jagadananda é apenas um novato, um menino. Ainda sim, ele ficou tão
orgulhoso que agora pensa que pode instruir você. Você é Guru dele em todos os
aspectos, materiais e espirituais. Mesmo assim ele vem lhe dar conselhos? Será
que ele sabe sobre si mesmo? Você é meu professor e uma autoridade até mesmo
para Mim, ainda sim ele, como uma criança imprudente, está dando instruções para
alguém tão qualificado como você”.
(Chaitanya Charitamrta 3.4.158-60)
Os
devotos assim como o Senhor ocasionalmente reprimem seus associados íntimos. Se
um devoto é disciplinado pelo Senhor, ele deve considerar isto como sendo sua
grande fortuna. Sanatan viu as críticas de Mahaprabhu á Jagadananda como um
sinal da sua (de Jagadananda) grande fortuna e ao mesmo tempo viu a si mesmo
como sendo desafortunado. Ele disse:
“Você
aceitou Jagadananda como membro do seu círculo íntimo de associados, enquanto
me trata com veneração. Parece-me que você esta lhe dando néctar para beber e um
amargo suco de neem com folhas de tabaco para mim”.
(Chaitanya Charitamrta 3.4.163)
Mesmo
que Mahaprabhu tenha sido vencido desde muito tempo pela devoção de Jagadananda
por Ele, Ele aproveitou esta ocasião para, através de Jagadananda, ensinar o
comportamento Vaishnava apropriado e a importância de oferecer o devido
respeito aos Vaishnavas seniors como Sanatan Goswami. Ele disse:
“Jagadananda não é mais querido a mim do que você, mas eu não posso
tolerar trangressões de comportamento”.
(Chaitanya Charitamrta 3.4.166)
Depois, quando Mahaprabhu falou sobre as glórias dos devotos a Vallabh
Bhatta, Ele disse que qualquer pessoa poderia obter devoção a Krishna através
da associação de pregadores do Santo Nome como Jagadananda Pandit.
Jagadananda como Satyabhama
Jagadananda é também a encarnação de Satyabhama. Então, devido a sua
natureza refratória, ele frequentemente brigava com Mahaprabhu.
“Jagadananda Pandit tinha um profundo amor puro pelo Senhor, como o de
Satyabhama por Krishna. Ele era temperamental e possuia uma natureza vama. Ele repetidamente provocava
discussões amorosas com o Senhor e sempre parecia haver algum tipo de
desentendimento entre eles”.
(Chaitanya Charitamrta 3.7.142-3)
Durante o Chaturmasya-vrat,
todos os devotos vinham encontrar o Senhor em Nilachala apenas retornavam no
final do período dos quatro meses. No mesmo ano que Mahaprabhu disse a
Nityananda para não vir a Puri, Ele também enviou Jagadananda a Nabadwip com
uma mensagem para Sua mãe. Jagadananda relatou tudo que Mahaprabhu disse a ele
sobre o exato momento que Sachi Mata pensou que estivesse sonhando ou tido uma
alucinação onde Mahaprabhu vinha e comia suas oferendas. Quando ela escutou
isto de Jagadananda, Sachi concluiu que estas visitas secretas não eram
simplesmente alucinações, mas de fato, reais. O Senhor realmente veio a
Nabadwip. Quando os outros devotos de Navadwip se encontraram com Seu íntimo
associado- Jagadananda, todos eles ficaram imersos em um oceano de felicidade.
De
Navadwip, Jagadananda foi até a casa de Shivananda Sena, onde coletou uma
perfurmada pasta de óleo de sândalo para massagear a cabeça de Mahaprabhu. Ele
encheu um pote de barro com este óleo, trouxe isto com ele quando voltou a Puri
e então entregou a Govinda- o servente pessoal do Senhor. Govinda disse a Mahaprabhu:
“Jagadananda Pandit trouxe este óleo aromático de Gauda-desh. Se você passar
isto em sua cabeça, isto irá aliviar os sintomas do muco e do ar em seu corpo”.
Com o
objetivo de estabelecer a conduta apropriada para aqueles que estão na ordem
renunciada, Mahaprabhu respondeu: “Sanyassis
são proibidos de usar óleos no corpo. Usar óleos aromáticos é ainda mais
repreensível para eles. Desde que Jagadananda teve o trabalho de trazer este
óleo por todo seu caminho até aqui, você pode dar isto ao templo de Jagannath.
Lá eles poderão usa-lo para ascender às lamparinas para as deidades. Isto fará
com que todo seu trabalho tenha valido a pena”.
Govinda disse a jagadananda da decisão de Mahaprabhu. Jagadananda ficou
enfurecido e parou de falar com o Senhor. Após dez dias, Govinda disse a Mahaprabhu
que Jagadananda ainda deseja que Ele usasse o óleo. Mahaprabhu ficou irado e
para ensinar o mundo todo, disse: “Porque você não contrata um massagista para
me fazer massagem? São estes os prazeres pelos quais tomei a ordem renunciada
da vida? Certamente você irá se divirtir ao ver minha queda. Quando andar pelas
ruas, as pessoas pegarão um pouco do meu perfume e dirão: ’Lá vai o monge
mulherengo’”.
(Chaitanya Charitamrta 3.12.112-4)
Govinda estava perplexo com a ‘tirada’ de Mahaprabhu. Quando Jagadananda
Pandit veio visitar Mahaprabhu na manhã seguinte, o Senhor disse: “Um sanyassi
não deve usar óleos perfumosos. A melhor coisa a se fazer é oferecer isto ao
Senhor para ser usado em Seu serviço”. Jagadananda ficou irado e arrogantemente
replicou: “Quem lhe disse que eu trouxe este óleo comigo por toda viagem vindo
de Gaudadesh? É uma mentira”. Com isto ele quebrou seu jarro de barro arremessando-o
no chão da varanda. Depois disso ele foi até seu quarto, trancou a porta e
deitou-se.
Após
jejuar por três dias, finalmente Mahaprabhu foi apazigua-lo e batendo em sua
porta, gentilmente disse: “Jagadananda! Abre esta porta. Estou indo agora tomar
meu banho e depois vou até o templo ver Jagannath. Quando voltar, tomarei
qualquer comida que você prepare para Mim. Então, comece a cozinhar”.
Devido
ao seu amor pelo Senhor, Jagadananda se levantou imediatamente, tomou banhou e
começou a preparar o almoço do Senhor. Após executar Seus rituais do meio dia,
o Senhor retornou, deixou Jagadananda lavar Seus pés e então se sentou para
comer. Jagadananda serviu (em uma folha de bananeira) um ótimo arroz molhado em
manteiga clarificada, várias preparações de legumes, arroz doce e diferentes
tipos de bolos. Mahaprabhu disse a ele para colocar outra folha de bananeira e enche-la
de comida para que os dois comessem lado a lado. O Senhor levantou Suas mãos ao
ar e se recusou a comer até que Jagadananda se sentasse para comer com Ele.
Finalmente, o orgulho de Jagadananda se quebrou e finalmente concordou em tomar
a prasada do Senhor assim que Ele
terminasse. Enquanto comia, Mahaprabhu glorificou repetidamente a comida que
havia sido cozinhada por Jagadananda em sua ira amorosa.
“Este
é o tipo de néctar que você oferece a Krishna. Quem pode estimar a dimensão da
sua boa fortuna?” (Chaitanya Charitamrta 3.12.133)
Jagadananda continuou servindo mais e mais legumes ao Senhor, que por
medo comeu tudo que Lhe era dado. O Senhor estava temoroso de que se Ele
refutasse até mesmo uma só preparação, Jagadananda iria novamente começar a
jejuar. Após a refeição, Jagadananda deu a Ele alguns temperos aromáticos, pasta
de sândalo e uma guirlanda. Mahaprabhu então insistiu para que ele se sentasse
e tomasse sua refeição em Sua frente. Jagadananda suplicou para que Mahaprabhu
descansasse, pois sabia muito bem de Seus costumes. Jagadananda também pediu
para Ramai e Raghunath Bhatta se se sentarem para tomar prasada porque eles também ajudaram nas preparações dos alimentos.
Ainda sim, Mahaprabhu não estava convencido e disse a Govinda para permanecer
ali e depois avisa-lo logo que Jagadananda terminasse. Porém, Jagadananda imediatamente
disse a Govinda para ir e massagear os pés do Senhor. Após servir prasada a Ramai, Nandai, Govinda e
Raghunath Bhatta, Jagadananda tomou os remanentes do prato de Mahaprabhu.
Quando Mahaprabhu ouviu que Jagadananda comeu, finalmente conseguiu descansar
em paz.
“O
amor de Jagadananda pelo Senhor era justo como as descrições (no Srimad
Bhagavat) do amor de Satyabhama por Krishna. Quem pode descrever o tamanho da
fortuna de Jagadananda? Seu amor é o padrão pelo qual o amor de outros podem ser
comparados. Qualquer pessoa que escuta sobre a relação amorosa (prema-vivarta) entre Jagadananda Pandit
e Shri Chaitanya Mahaprabhu compreenderá as características de prema e obterá a riquesa do amor
puro”. (Chaitanya Charitamrta 3.12.152-4)
Shrila
Bhaktissidhanta Saraswati Goswami Thakur escreveu que as palavras prema vivarta neste verso pode
significar ‘o tipo de confusas transformações de amor’ que Jagadananda mantinha
pelo Senhor como também ‘o livro que Jagadananda escreveu’.
O Senhor dorme na fibra de bananeira
Devido
ao seu intenso sentimento de separação por Krishna, Mahaprabhu começou a
aumentar Suas austeridades. Ele decidiu começar a dormir em uma cama de casca
seca (fibra) da (árvore) bananeira, que causava dor ao pressionar Seus ossos
enquanto dormia. Os devotos estavam muito tristes ao ver o sofrimento do
Senhor. Jagadananda decidiu tomar uma atitude para aliviar a dor do Senhor e
com suas próprias mãos fez uma esteira de algodão e um travesseiro cobrindo-os
com um pano açafroado para o conforto do Senhor. Jagadananda pediu para Govinda
entregar a esteira e o travesseiro ao Senhor enquanto Swarup Damodar o
convenceria a usa-los. Quando chegou o momento do Senhor ir descansar e Ele viu
o travesseiro de algodão, ficou irado. Porém, quando Ele escutou que foi
Jagadananda Pandit que O havia dado, Ele hesitou. O Senhor agiu como se
estivesse irado, “Um colchão e um travesseiro? Porque você não pega logo uma
cama para Mim? Um sanyassi deve
dormir no chão! Jagadananda quer que eu me torne um desfrutador dos sentidos.
Isto é vergonhoso”.
Jagadananda
ficou triste quando ouviu de Swarup Damodar que Mahaprabhu havia rejeitado seu
colchão. Depois, Swarup Damodar espertamente preparou uma esteira feita de
folhas secas de bananeira e o Senhor a aceitou. Isto deixou todos os devotos
satisfeitos, com excessão de Jagadananda.
Mesmo
que não tenha dito nada sobre o assunto, Jagadananda estava irado e perguntou a
Mahaprabhu se ele podia ir a Vrindavan. O Senhor compreendeu a verdadeira razão
da sua insatisfação e disse a ele em tom consolador: “Você está irado e me
culpa por isto. E então você deseja ir a Mathura e se tornar mendigo?”. O
petulante Jagadananda escondeu seus verdadeiros sentimentos e simplesmente
disse: “Eu queria ir a Vrindavan desde muito tempo. Anteriormente você não me
deu permissão, então não pude ir”.
Devido
a Sua afeição por Jagadananda, Mahaprabhu não o permitiria ir, nem mesmo quando
ele requisitou repetidamente. Finalmente, Jagadananda pediu a Swarup Damodar
para interceder por ele e conseguir a permissão do Senhor para ir. Swarup
Damodar foi até Mahaprabhu e disse: “O desejo de Jagadananda de ir a Vrindavan
é muito forte. Acho que seria uma boa Idea se você o enviasse justo como
anteriormente o enviou a Nabadwip com uma maensagem para Sachi Mata”.
Finalmente Mahaprabhu deu permissão a Jagadananda para ir para Vrindavan.
Devido a sua afeição por ele, o Senhor lhe deu instruções elaboradas sobre a
viagem: “Na estrada até Benares não há nenhum problema. Porém, depois de Benares
a estrada é cheia de ladrões, tome cuidado. Você deve levar alguns soldados com
você para sua proteção. Se alguém ver um homen bengali sozinho na estrada, eles
certamente atacam. Quando chegar em Mathura, primeiramente vá e se encontre com
Sanatan. Ofereça seus respeitos aos Chobey brahmanas
de Mathura, mas não associe com eles. Você não conseguirá compreender o
comportamento deles, então os respeite a distãncia. Faça o parikram (peregrinação) de Vraj-mandal
com Sanatan e não deixe de ficar do lado dele nem mesmo por um instante. Não
suba em Govardhan para ver Gopal. Não fique em Vraj por muito tempo. Volte
logo”. (Chaitanya Charitamrta 3.13.39)
Jagadananda reprime Sanatan
Jagadananda ofereceu suas reverências ao Senhor e partiu para Benares a
pé, onde se encontrou com Tapan Mishra e Chandrashekhar. De lá ele foi a Mathura
onde se encontrou com Sanatan Goswami. Sanatan o levou á circuambulação pelas
doze florestas de Vraj e depois permaneceram juntos em Gokul Mahavan por algum
tempo. Sanatan Goswami costumava viver mendigando por um pedaço de pão das
pessoas locais, mas porque Jagadananda não era habituado a viver apenas de
trigo, ele foi até um templo local para cozinhar arroz. Um dia, Jagadananda
convidou Sanatan para comer. Um certo sanyassi chamado Mukunda Saraswati havia
dado uma roupa açafrão para Sanatan, a qual ele usou ao redor de sua cabeça
(turbante). Quando Jagadananda viu isto, ele pensou que o pano tinha sido dado
por Mahaprabhu e então transbordou de amor. Porém, quando soube que aquilo havia
sido dado por outra pessoa, ele ficou tão irado que pegou o pote arroz e estava
prestes a bater em Sanatan. Ele criticou Sanatan:
“Você
é o associado mais importante de Mahaprabhu. Ninguém é mais querido a Ele do
que você. Como alguém poderia tolerar ver você usando um turbante de outro sanyassi ao redor da cabeça?”. Sanatan
respondeu: “Bem dito! É claro, Pandit Mahashay, que você é inigualável em seu
amor pelo Senhor. Eu não poderia aprender esta lição de ninguém mais á não ser
você. Porque apenas você tem tamanha e sólida fé no Senhor, meu propósito ao
colocar este pano ao redor da minha cabeça foi realizado, pois logo que você o
viu, fui capaz de testemunhar as manifestaçõs de seu amor pelo Senhor. Um
Vaishnav não deve vestir roupa vermelha. Vou dar para alguém, pois não preciso
mais disto”.
(Chaitanya Charitamrta 3.13.56-61)
Jagadananda ofereceu a comida que havia cozinhado a Mahaprabhu e então
tomou prasad com Sanatan. Após
associar com Sanatan por dois meses, Jagadananda passou a sentir intensa a
falta de Mahaprabhu e pediu permissão a Sanatan para retornar a Puri. Sanatan
despediu-se dando a ele um pouco da terra do lugar onde Krishna executou Sua
dança de rasa, uma pedra de
Govardhan, uma guirlanda e algumas frutas secas para Mahaprabhu. Jagadananda
estava deleitante para retornar a Puri para rever Mahaprabhu e os devotos. Chegando
lá, Mahaprabhu o abraçou fortemente e ficou extremamente satisfeito com os
presentes enviados por Sanatan.
A mensagem de Adwaita
Mahaprabhu nunca se esqueceu da pura afeição maternal que Sachi Mata
tinha por Ele e todos os anos Ele enviava Jagadananda a Nabadwip com um pedaço
de alguma de suas roupas pessoais. Jagadananda ia e falava com ela sobre o
Senhor e de algum jeito aliviava seu sentimento doloroso da separação de Seu
Filho. Na última vez, ele foi até a casa de Adwaita Acharya e pediu permissão
para retornar a Puri. Adwaita deu uma enigmática mensagem para Jagadananda
entregar a Mahaprabhu que dizia o seguinte:
“Diga
ao Senhor que eu Lhe ofereço milhões de reverências e que eu humildemente Lhe
submeto o seguinte: Diga ao homem louco que todo mundo ficou louco. Diga ao
homem louco que eles não estão mais vendendo arroz no mercado. Diga ao homem
louco que os doidos já não servem para nada. Diga ao homem louco que isto é que
o homem louco disse”.
(Chaitanya Charitamrta 3.19.19-21)
Bhaktivinod Thakur explica este enigma da seguinte maneira:
“Diga
a Mahaprabhu que todo mundo ficou intoxicado de amor por Krishna e então
ninguém mais está comprando o arroz de Krishna-prem no mercado do amor. Diga a Mahaprabhu que o homem louco santo
está tão intoxicado com o amor divino que ele já não está mais envolvido em
seus deveres materiais. Diga a Mahaprabhu que Adwaita disse isto em um estado de
completa intoxicação de amor. Resumindo, a mensagem era que o propósito pelo
qual Adwaita chamou Mahaprabhu á terra, já havia sido concluido. Agora, o
Senhor podia fazer o que desejasse”.
A data
e lugar do desaparecimento de Jagadananda deste mundo é desconhecido.
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